30 de abril de 2011


RETRATO EM BRANCO E PRETO


Nos olhos cavados, a alma desaguou num abismo torto;
a vertigem separou a face do meu semblante - perdi-me!
No tempo dos lírios desnudei a inocência:
lembranças da infância, da saudade e do adeus...


Apenas um traço e sem órgãos dentro de mim;
boneca de louça ou palhaço de pano no canto da parede?
Um vestido de vidro manchado de melancolia,
um sorriso pintado congelando a solidão...


Emoldurei as rugas, o torso e o calcanhar;
silencei a voz e amordacei a alma...
No flash, não virei pó!


A morte talhou-me na fotografia,
vestiu-me com madeira sem verniz...
Na parede, um futuro que não nasceu...