7 de dezembro de 2014

MALDIÇÃO


Meu coração encastelado, 
cápsula de remédio
que não cura,
mata!

Meu corpo encouraçado,
navio fantasma
que nas garras do Leviatã
desapareceu...

Meu rosto deformado,
boneco de cera
que se apaixonou pelo fogo
e se perdeu...

Minh'alma descarnada, 
sacrifício que não salva,
condena!

De solidão
também morrem os anjos...



6 de janeiro de 2014

SUICÍDIO


Despejei o céu 
numa latrina
e as estrelas se desfizeram
nos esgotos...

Os olhos dos ratos,
silenciosos,
me acolheram entre as fezes...

Nas minhas mãos,
o sangue cuspido dum herói deserdado;
n'alma ressequida, o incenso fétido dos vapores infernais!

(confissão duma esperança assassina...)