19 de dezembro de 2010

CANÇÃO DO DESAMPARO


A palavra mutilada escondeu o teu adeus;
e o meu corpo feito sacada desabou sobre lágrimas furtivas!
Por que amar, meu Deus?
Por que sofrer se os relógios nunca morrem?


O tempo, para mim, jamais andará;
será lama que um dia sonhou ser água corrente!
Imóvel, apodreço na solidão de meus ais.
Ah, quem me dera ser a estátua de sal!


Sou rosa sem pétalas, despedaçado no jardim;
morada dos vermes, dos desgraçados e dos rejeitados!
Notre Dame é o meu lar...


Sobrou em mim espinhos que sangraram no cetim a minh'alma apagada;
talvez cactus, talvez a coroa do messias, talvez a lança do arqueiro...
Na noite dos ancestrais, fui eunuco de mim mesmo!



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