Carrega contigo o único bem que me resta:
a lágrima!
Apressa-te antes que ela desapareça
e seja pelo vento sequestrada de tuas mãos sôfregas;
a água que um dia banhou meus olhos,
hoje mergulhados num deserto sem fim...
Carrega contigo a esperança,
chuva que morreu, ressecada pela paixão agreste que me consumiu...
Não olhes para trás, não contemples a tua sombra!
Corpo que ontem suou sobre mim, desaguando teus gemidos bestiais...
Carrega entre teus dedos moribundos
a vida que em mim existiu...
Longe dos egitos e dos êxodos infernais!
Foge da árida solidão que nos apartou...
Carrega, por fim, na tua lembrança assassina
a imagem dum corpo de gesso:
alma de sal petrificada pelo abandono,
coração que ardeu na secura do inverno!
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