1 de novembro de 2010

OS PALHAÇOS



Há em mim palhaços.

Sim, palhaços vivem dentro de mim!

Muito risonhos e talvez loucos.

Riem de mim os palhaços, todos...

Todos os que vivem dentro de mim,

os palhaços e os palhaços...

E os palhaços também.

Todos vivem em mim,

os palhaços, os palhaços, os palhaços...

Talvez haja mais palhaços...

Loucos, risonhos e traiçoeiros...

Sou risonho,

sou louco,

mas não sou trapaceiro!

Não sei se sou palhaço,

mas há mentira nas minhas palavras,

e a minha face,

mergulhada no pó,

me impede de chorar!

Sou risonho:

não choro, mas sou triste...

Palhaço?

Não sei se sou um...

Talvez seja um louco...

Sou risonho porque alegro os outros;

os outros,

os outros palhaços, os palhaços

e até de mim mesmo, palhaço!

Todos são palhaços,

Palhaços de si e palhaços dos outros.

Todos mentem;

mentem porque são palhaços,

mentem porque são maquiados

até a alma, palhaços...

Todos são!

Sou risonho,

sou triste,

sou mentiroso,

sou palhaço

como os outros,

os outros,

os outros palhaços também,

como todos...

Todos,

todos os outros,

todos os outros,

palhaços!

Não sou louco, mas sou triste;

não sou mentiroso, mas sou palhaço;

um pouco de pó na face

e todos se alegram,

se alegram com a mentira,

se alegram com a tristeza dos outros;

dos outros,

dos outros palhaços...

De todos,

de todos os outros,

de todos os outros palhaços,

Palhaço!

Quem diz que a vida é uma grande verdade

não é alegre,

não é triste,

não é louco

nem traiçoeiro,

mas é um grande palhaço,

Palhaço!


Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 2009

(verão carioca, muita chuva, uma saudade em pó e uma tristeza maquiada - cacos de palhaço)

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